Para esta 2ª edição do seminário UP o tema escolhido é “Que tipo de empresa a sociedade precisa: repensando valores e compromissos humanos para construirmos melhores ambientes de negócios."
Estamos sempre ouvindo sobre que tipo de profissional as empresas precisam no futuro, quando, na verdade, deveríamos estar refletindo também sobre o tipo de empresa a sociedade precisa, em termos de valores e compromissos com a busca e preservação de harmonia no ecossistema de negócios e de vida no Planeta Terra.
Todos os negócios têm o ser humano como principal elemento, sejam colaboradores, clientes, acionistas, fornecedores, mas temos a natural tendência a colocar o ser humano como peça de uma engrenagem voltada apenas ao crescimento econômico, além de vermos os recursos naturais da Terra a serviço deste crescimento, ao invés de colocarmos o ser humano no centro do processo, compreendido como parte da Natureza e numa perspectiva de total interdependência.
No seu livro “Capitalismo e Impulso de Morte”, Byung-Chul Han apresenta uma reflexão sobre o nosso modelo mental de crescimento econômico bastante clara e preocupante.
"O que hoje chamamos de crescimento é, na realidade, uma proliferação cancerígena e sem rumo. Vivemos atualmente um delírio de produção e de crescimento que se parece com um delírio de morte. É possível que a autoalienação da humanidade tenha atingido um grau tal que ela experimentará seu próprio aniquilamento como um gozo estético."
Independente do tom cataclismático da reflexão, ninguém minimamente inteligente hoje questiona que o modelo corrente de crescimento econômico não é sustentável, nem do ponto de vista ambiental nem humano. Por que a procrastinação? O que estamos fazendo ajuda a promover as transformações ou tem ajudado mais a manter o problema? O objetivo do seminário Utopia Pragmática 2025 é discutir os principais elementos que limitam nossa capacidade de promover mudanças de paradigma nos negócios, bem como explorar exemplos e possibilidades de como é possível reposicionar os objetivos das empresas a serviço da promoção de impacto positivo na sociedade e no planeta.
O seminário terá 2 painéis, que abordarão assuntos diretamente relacionados ao tema do ano, com amplo espaço para perguntas, respostas e discussão coletiva, uma vez que é nosso objetivo construir conhecimento e ampliar a consciência de forma coletiva e compartilhada entre panelistas e participantes.
A série de seminários da Utopia Pragmática resulta também em um artigo “vivo" que registra as contribuições e insights gerados a cada ano e serve de referência conceitual e aplicada para as empresas e investidores sociais interessados no tema (acesse aqui a 1a edição do artigo).
Painel da manhã
Complexo não é Complicado
Promover mudanças de paradigma na maneira como as empresas lidam com as expectativas de crescimento e de retorno financeiro para acionistas, bem como lidam com as comunidades nas quais suas atividades têm impacto direto, é sempre um desafio complexo, porque estamos todos presos a uma armadilha da pobreza que nos condiciona a preservar formas de atuação, mesmo quando os sinais externos demonstram que não são sustentáveis. Com isso, estamos sempre procrastinando a emergência de mudarmos o modelo de crescimento econômico, para algo que integre o compromisso real de desenvolvimento humano e de sustentabilidade ambiental à estratégia dos negócios.
No fundo, todo negócio deveria ter o impacto humano e ambiental positivo como principal objetivo. O problema reside na forma como as nossas dinâmicas e incentivos preservam o sistema. Contudo qualquer mudança de paradigma é um problema complexo, mas isso não significa que seja complicado e muitas vezes as soluções são simples e estão bem mais próximas de nós do que imaginamos. É uma questão de tomada de decisão e capacidade de saber desmembrar o desafio em padrões que possam ser abordados, numa perspectiva evolutiva, até que uma nova norma se torne natural.
Neste painel vamos discutir sobre como lidar com problemas complexos, quais as características peculiares de operar na complexidade, quais modelos e oportunidades para negócios de impacto e quais as dificuldades que os executivos de empresas têm que lidar quando percebem que precisam adotar mudanças na estratégia da empresa, especialmente dentro de uma visão de longo prazo.
Palestrantes
Glenda Eoyang
fundadora do Human Systems Dynamics (HSD) Institute, pioneira nas aplicações da ciência da complexidade aos sistemas humanos e organizacionais
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Marco Dorna
Presidente Tetra Pak
Alexei Bonamin
Advogado e professor em mercado de capitais, private equity, operações financeiras, fundos de investimento e investimentos sustentáveis. Sócio de TozziniFreire e co-líder da área empresarial do escritório.
Moderador: Giulia Santana, The Human Project
Painel da tarde
Colaboração ou Morte!
Um dos principais sintomas do empobrecimento de qualquer ecossistema é quando os processos de colaboração e de integração se reduzem, tornando o ambiente mais propício ao ataque de pragas, desertificação, entre outras consequências desastrosas. A Natureza nos ensina isso, mas nos acostumamos a considerar que a Natureza está a nosso serviço, como se fôssemos parte independente dela, até mesmo capaz de domá-la.
Bem ao contrário, somos parte integrante de um grande e belo ecossistema no Planeta Terra e, como tal, nosso modo de vida deveria contribuir e colaborar para o seu enriquecimento, o que beneficiaria todos os seres vivos, inclusive a própria humanidade. Trazendo para a prática, precisamos mudar a forma de interação entre empresas, comunidades e natureza, pelo fato óbvio de que colaborar é a nossa melhor ou única chance de sobrevivência no Planeta.
Neste painel vamos abordar aspectos relacionados à cultura, estratégias e valores que promovem e sustentam a colaboração e suas aplicações no desenvolvimento humano. Quais são arranjos, formas e modelos de negócios emergentes que têm na colaboração sua premissa central? Como cultivar um ambiente interno nas empresas que promova relações saudáveis entre pessoas e entre a empresa e a comunidade? Quais os valores fundamentais que impulsionam a sustentabilidade de todas as formas de vida do Planeta e como cultivá-los de maneira ampla e global?
Palestrantes
Artur Tacla
Psicólogo pela PUCSP, sempre procurando atuar no mundo onde a Alma se apresenta. Atuou com aprendizagem; desenvolvimento de performance em esportes; com trauma e gerenciamento de crises; com transformações organizacionais e o design de macro transformações de sistemas. Atualmente está como sócio da Tarpon, uma gestora de investimentos, e sócio da Camino School e da Holoflow. Participou da fundação do movimento Capitalismo Consciente no Brasil e da Corall Consultoria.
Angélica Moretti
Graduada em Psicologia, Mestrado em Biopsicologia e MBA em liderança e gestão. Tem mais de 30 anos de experiência na prática clínica e organizacional, desenvolvimento de lideranças coaching e aconselhamento. Co-fundadora do Instituto Capitalismo Consciente Brasil, fundadora da Corall consultoria e Atma desenvolvimento. Especialista em Abordagem Sistêmica e Constelação Organizacional e em Gerenciamento de Crise.
Karen Kanaan
Sócia da 42 São Paulo, considerada uma das universidades mais inovadoras do mundo, ex-diretora de RI da Endeavor, pós-graduada em Inteligência Emocional pelo Instituto Albert Einstein
Inês Medeiros
Psicóloga com especialização Psicologia Positiva, Ciência da Autorrealização e Bem-Estar. Fundadora da Values Move, Chair do V20 Brasil 2024, Grupo de Engajamento Ecossistema G20 e Global Partner & Trainer BVC, com atuação internacional em Transformação Cultural, Sustentabilidade e Impacto Social orientado por Valores.
Moderadora: Adriane Rickli
Fundação Dom Cabral
Redatora: Karina Coleta
Professora associada da Fundação Dom Cabral na área de Estratégia
Quando: 24 de junho de 2025
Horário: das 9hs às 17hs (início do credenciamento e café às 8hs)
Onde: MIS - Museu da Imagem e do Som - Avenida Europa 158, São Paulo - SP